Este Blog foi feito com o objetivo de, divulgar a equipe Manacá, além de proporcionar uma boa leitura através da exposição dos assuntos literários estudados por nós ao decorrer do ano letivo de 2009. Esperamos que gostem do nosso blog e desde já contamos com o apoio e a torcida de todos no dia 11 de setembro de 2009 na 8ª Gincana Literária do Colégio Monteiro Lobato.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Manacá


        Manacá é uma obra de Tarsila do Amaral. A posição das flores, das montanhas de fundo são todas estratégicas e com significados diferentes. Apesar de um manacá tradicional ter apenas uma cor, o de Tarsila do Amaral possui duas: rosa e roxo. Tarsila pintou o quadro com "erros", como colocar pétalas desiguais, de cores diferentes, de formas "impossíveis" na natureza entre outras coisas. Ela fez isso para demonstrar a liberdade de representação que caracteriza uma obra de arte. E é justamente através dessa liberdade e nesse "afastamento" de uma linguagem mais descritiva que o artista cria significados que extrapolam o significado meramente referencial, ou seja, que uma pintura representando manacá significasse apenas manacá. A pintura Manacá representa, mas não descreve.

Os sertões: denúncia da violência



A situação de miséria e descaso político fez nascer no sertão nordestino, no final do século XIX, um movimento messiânico de grande importância. Liderados pelo beato Antônio Conselheiro, o grupo de miseráveis fundou às margens do rio Vaza Barris, um arraial. Este, longe do poder dos políticos, representou uma ameaça à ordem estabelecida pela recém inaugurada República. Logo, os canudenses foram atacados com toda força pelas tropas do governo.
As duas primeiras expedições enviadas pelo governo baiano contra o arraial entre 1896 e 1897 fracassam completamente. De março a outubro de 1897, outras duas expedições foram enviadas pelo governo federal e organizadas pelo Exército, a última com seis mil homens e artilharia pesada, conseguiu finalmente tomar e destruir Canudos. Junto a Conselheiro morrem milhares de combatentes e restaram cerca de 400 prisioneiros, entre estes, idosos, mulheres e crianças.
Durante o conflito, os militares mantiveram os jornais sob censura. O país recebia apenas a versão oficial da guerra: a luta da República contra focos monarquistas no sertão baiano. Terminada a guerra, as verdadeiras ações dos vencedores (degola de prisioneiros, tortura, prostituição, estupros e comércio de crianças) continuaram sendo encobertas.
A obra Os sertões, de Euclides da Cunha, publicada cinco anos depois do término do conflito, consiste em uma tentativa de rever a versão oficial da guerra de Canudos.
Com sua obra, Euclides não pretendia apenas contar o que presenciara no sertão. Munido das teorias científicas vigentes (determinismo, positivismo e conhecimentos de sociologia e geografia natural e humana), pretendia também compreender e explica o fenômeno cientificamente.
Os sertões, portanto, constitui uma experiência única em nossa literatura: é uma obra co estilo literário, de fundo histórico (apesar do fato recente) e de rigor científico.
Adotando o modelo determinista, segundo o qual o meio determina o homem, a obra organiza-s em partes: a “ A terra”, que descreve as condições geográficas do sertão “ O Homem”, que descreve os ataques a canudos e sua extinção.
Colocando-se nitidamente a favor do sertanejo, Euclides da Cunha situa o fenômeno de Canudos como um problema social decorrente do isolamento político e econômico do Nordeste em relação ao resto do país. Assim, ele desmitificou a versão oficial do Exercito, segundo a qual o movimento tinha a finalidade de destruir a República.

O desafio do verso livre


          Quando o Modernismo propôs o fim do verso regular, muitos acharam que tinha ficado fácil ser o poeta, pois qualquer um saberia empregar o verso livre.
          Com o tempo, entretanto, foi ficando claro que o emprego do verso livre, sob certo sentido, é muito mais difícil que o do verso regular. Isso porque, se antes o próprio verso regular definia antecipadamente o momento em que ele devia terminar, com o verso livre isso não acontece. Cada situação exige uma solução diferente é ai que os bons poetas, criativos e inteligentes, se destacam entre a maioria.

Movimento Antropofágico

         Revidando com sarcasmo o primitivismo xenófobo da Anta, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Raul Bopp lançaram, em 1928, o mais radical de todos os movimentos do período: a antropofagia. O movimento foi inspirado no quadro Abaporu (“antropofágico”, em tupi), que Tarsila oferecera a Oswald como presente de aniversário.
      Partidários de um primitivismo crítico, os antropófagos propunham a devoração da cultura estrangeira. As ideias do grupo tinham como porta-voz a Revista de Antropofagia, da qual também participavam Antônio de Alcântara Machado, Geraldo Costa e outros.
     Contraditoriamente à xenofobia da Escola da Anta, os antropófagos não negavam a cultura estrangeira, mas também não a copiavam nem imitavam. Assim como os índios primitivos devoravam seu inimigo, acreditando que desse modo assimilaram suas qualidades, os artistas antropófagos propunham a “devoração simbólica” da cultura estrangeira, aproveitando suas inovações artísticas, porém sem a perda da nossa própria identidade cultural. Trata-se, portanto, de um aprofundamento da idéia da “digestão cultural” já proposta no Manifesto da Poesia pau-Brasil.

Cartas: Drummond e Mário


       Drummond e Mário de Andrade cultivaram uma sólida amizade, que se traduziu em centenas de cartas trocadas em 1922 e 1945, ano da morte de Mário. Boa parte desse material veio a público com a publicação da coletânea Carlos & Mário (editora Bem-Te-Vi), organizada por Lélia Coelho Frota.
       Nessas cartas, os poetas discutem questões existenciais e estéticas e até problemas materiais e familiares. Perfeitas para quem gosta de conhecer o homem que está por trás das obras.

Poesia ao Modernismo



Surgido depois de um movimento literário
Que buscava um ponto de vista nunca abordado
O Modernismo da-se início com a Semana de Arte Moderna
Com interesse em deglutir e destruir as influências externas

O movimento foi dividido em duas fases
Em que cada uma apresenta-se sua face
A primeira: A quebra com a forma e a estrutura
Aborda o social, e revisa à crítica a historia e a literatura
Além de movimentos que influenciaram o país a nacionalizar

Surgido de um período de instabilidade e crise
A Segunda Fase aproveita a liberdade de Composição que existe
E registra nomes significativos dos romances nacionais
Que buscaram um caráter construtivo a mais

A terceira Fase propôs uma volta ao passado
Quando valorizou a presença da rima e do vocabulário
E da retomada das culturas internacionais
Mas, sempre apresentando temas atuais

De 20 a 70, foi o período modernista
Com contextos sociais e nacionalistas
Mostrou que o país pode ter autonomia
E quem sabe influenciar outros, um dia.


(Jário Fernandes, julho de 2009)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Curiosidades Literárias


1. Que o primeiro momento notável da literatura fantástica no Brasil se deu em 1855; com a publicação de Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo, daí em diante muita coisa aconteceu?

2. Que, numa época em que o Brasil tinha pouquíssimas livrarias, Monteiro Lobato colocou livros em mercearias, provocando uma demanda e praticamente criando a indústria editorial no país?

3. Que Machado de Assis era mulato, epiléptico, gago e introspectivo...?

4. Que o Barroco era considerada uma escola influenciada pela arte eclesiástica, da Contra-Reforma (Inquisição)?

5. Que uma lei de 10 de novembro de 1772 estabelecia um subsídio literário: taxa sobre vinhos e bebidas alcoólicas que forneceriam fundos para pagar professores?

6. Que durante muito tempo, acusou-se Machado de Assis de permanecer indiferente aos dramáticos problemas sociais que se atropelavam na sua época, como o da escravidão. Logo ele, um homem de cor?

Hoje, sabe-se que isso não é verdade. Machado de Assis denunciou, de fato, a escravidão. A diferença está em que o tom por ele utilizado na denúncia era diferente do emocionalismo que caracterizava as manifestações abolicionistas. Não seria demais esperar que um homem de 49 anos, de temperamento reservado, tímido até, compartilhasse da paixão que percorria todo o movimento da Abolição? A denúncia de Machado não assumiu uma aura declaratória ou emotiva. Ele preferiu a análise, a reflexão, demolindo a idéia (muito comum na época) da 'bondade dos brancos' ao libertar os negros. Em sua obra, procurou desvendar os mecanismos econômicos e ideológicos que tentavam justificar, primeiro, a necessidade do trabalho escravo e, depois, a contingência imperiosa da libertação.

A Abolição e a Guerra do Paraguai foram fatais para a Monarquia. Sob a liderança do Exército, proclamou-se então a República, em 1889. Antes da proclamação, Machado já se pronunciara sobre as idéias republicanas...também de modo irônico. Para ele, o fim do Império poderia significar o fim da estabilidade (ainda que precária) do País. Foi por temer essa instabilidade que ele se opôs ao que considerava o prematuro advento republicano.

Enfim, Machado não passou ao largo dos grandes acontecimentos de seu tempo. É possível entrever, no registro do cotidiano feito por suas crônicas - assim como posteriormente nos romances -, a ligação com o contexto social mais amplo.

7. Que o vaidoso, míope e dentuço "São João Batista" do Modernismo (como era chamado por Mário de Andrade, Manuel Bandeira ria dos próprios defeitos e adorava posar para fotografias, dar autógrafos e ser homenageado? E mais: sempre se gabou de um encontro que teve com Machado de Assis, numa viagem de trem. Puxou conversa: " O senhor gosta de Camões?" Bandeira recitou uma oitava de Os Lusíadas, que o mestre não lembrava. Na velhice, confessou que era mentira. Tinha inventado a história para impressionar os amigos.

8. A imortal escritora e poetisa Cecília Meireles escreveu aos 9 anos o seu primeiro verso? Nesta idade, também, recebeu de Olavo Bilac uma medalha de ouro com o nome dela gravado de HONRA AO MÉRITO POR TER FEITO O CURSO PRIMÁRIO COM DISTINÇÃO E LOUVOR. Aos 13 anos já havia lido Eça de Queiroz e publicou seu primeiro livro, ESPECTROS, aos 16 anos. Cecília faleceu aos 63 anos.

9. Que Castro Alves foi mais do que poeta? Castro Alves também era pintor e compositor. A força de seus versos o projetou de tal maneira como poeta que pouco se fala sobre seus outros talentos. Há partituras, quadros e desenhos de sua autoria no Museu Histórico Nacional e na Academia Brasileira de Letras.

10. Fundada em 1907, a Academia Brasileira de Letras só admitiu a primeira mulher em seus quadros 70 anos depois? A pioneira foi a escritora Rachel de Queiroz. Em compensação, a ABL foi a primeira academia no mundo a eleger uma mulher para a presidência, a escritora Nélida Pinõn, que assumiu o cargo em 1995.

11. Que ao escrever o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, aos 39 anos, Machado de Assis se encontrava seriamente debilitado, e que foi ditando o texto para a esposa Carolina?

12. A lista dos vinte melhores romances brasileiros do século XX elaborada pela Manchete, a partir da contribuição de oito jurados, do Rio e de São Paulo foi:

1°. Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa
2°. Macunaíma, de Mario de Andrade
3°. Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto
4°. São Bernardo, de Graciliano Ramos
5°. O Tempo e o Vento, de Erico Veríssimo
6°. Memorial de Maria Moura, de Rachel de Queiroz
7°. Menino de Engenho, de José Lins do Rego
8°. Fogo Morto, de José Lins do Rego
9°. Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade
10°.Vidas Secas, de Graciliano Ramos
11°. Angústia, de Graciliano Ramos
12°. Esaú e Jacó, de Machado de Assis
13°. O Coronel e o Lobisomem, de José Cândido de Carvalho
14°. O Quinze, de Rachel de Queiroz
15°. A Bagaceira, de José Américo de Almeida
16°. Quarup, de Antônio Callado
17°. O Encontro Marcado, de Fernando Sabino
18°. O Amanuense Belmiro, Ciro dos Anjos
19°.A Menina Morta, Cornélio Pena
20°. Os Ratos, de Dyonélio Machado?

Fonte: www.wagnerlemos.com.br

Trechos da última entrevista de Carlos Drummond de Andrade


A confissão é exemplar do temperamento do maior poeta brasileiro. Quem batesse à porta do apartamento 701 do prédio de número 60 da Rua Conselheiro Lafayette, em Copacabana, à procura de declarações grandiloqüentes sobre a vida, a arte e a eternidade iria se deparar com um homem teimosamente prosaico, despido de todo e qualquer traço de vaidade e orgulho diante de uma obra que começou a brotar em Itabira para o mundo em 1918, ano da publicação de um poema chamado Prosa, num jornalzinho que só saiu uma vez.

O Drummond que se revela de corpo inteiro na longa entrevista que nos concedeu em duas sessões - nos dias 20 e 30 de julho - é um homem desiludido com o mundo. Agnóstico. Confessadamente solitário. Cético diante da posteridade. Injustamente rigoroso no julgamento da obra que produziu. Para todos os efeitos, Drummond considerava-se apenas o pacífico mineiro de Itabira portador da carteira de identidade no 803.412. E só. Tinha uma íntima esperança: queria ver a filha única, a escritora Maria Julieta, recuperada da doença. Tanto é que tentou adiar a entrevista para ‘quando as coisas melhorassem’. Não melhoraram. Os azares de agosto desabaram sobre os ombros frágeis do poeta. O câncer ósseo levou Maria Julieta. E tirou do poeta a vontade de viver. A imagem do Drummond cambaleante nas alamedas do cemitério no enterro da filha única era um mau presságio.

Menos de uma semana antes da morte da filha, Drummond, enfim, cedera à nossa insistência em obter um longo depoimento - não sem, antes, brindar-nos com o dúbio qualitativo de ‘implacável’. A entrevista fazia parte do projeto de publicação de um livro de depoimentos sobre os 60 anos do célebre poema No meio do caminho, no próximo ano. Drummond, naturalmente, não concordava nem de longe com a idéia de homenagear a data. ‘Não vale a pena; a data não merece consideração alguma’. Mas, provocado, falou como em poucas vezes: o depoimento, transcrito, rendeu cerca de mil linhas datilografadas. Um trecho - que antecipava a decisão do poeta de deixar de escrever - foi publicado no Idéias há duas semanas. Depois da morte da filha, Drummond tentou sustar a publicação da entrevista porque a considerava ‘muito festiva’. Acabou permitindo, sob a condição de que o editor avisasse que ela tinha sido concedida antes da morte de Maria Julieta. Em poucos dias, a entrevista transformou-se na cerimônia de adeus do maior poeta brasileiro. Mais do que nunca, neste depoimento, Drummond insiste que será esquecido em pouco tempo. Não será. E não terá sido por acaso que o clima no seu enterro não era propriamente de comoção. Porque todo mundo ali sabia que, nos versos, Drummond vive. E, na morte, encontrou o que tanto queria: a paz.

O MEDO

“A maior chateação da velhice é você ficar privado do uso completo de suas faculdades. A pessoa velha tem de moderar o ritmo do andar, porque, do contrário, o coração começa a pular. Não pode fazer grandes excessos. Não tomar um pileque de vez em quando porque isso provocará consequências maléficas. Ela tem de ser moderada até nos amores.

“O medo que tenho é levar uma queda, me machucar, quebrar a cabeça, coisas assim, porque, na idade em que estou, a primeira coisa que acontece numa queda é a fratura do fêmur. Isso eu receio”.

“...Cantaremos o medo da morte/ depois morreremos de medo/ e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas” (Congresso Internacional do Medo - trecho)

A QUEIXA

“Antes, as pessoas que sabiam escrever a língua se destacavam na literatura e nas artes em geral. Mas hoje há escritores premiados que não conhecem a língua natal...

“Quem hoje não sabe a língua e se manifesta mal é que aprendeu de maus professores. A decadência do ensino no Brasil é uma coisa que tem pelo menos trinta a quarenta anos - e talvez mais”.

“Precisamos educar o Brasil/ Compraremos professores e livros/ assimilaremos finas culturas/ abriremos dancings e subvencionaremos as elites/ Cada brasileiro terá sua casa/ com fogão e aquecedor elétrico, piscina/ salão para conferências científicas./ E cuidaremos do Estado Técnico” (Hino Nacional - trecho)

A VIDA


“Minha vida? Acho que foi pouco interessante. O que é que eu fui? Fui um burocrata, um jornalista burocratizado. Não tive nenhum lance importante na minha vida. Nunca exerci um cargo que me permitisse tomar uma grande decisão política ou social ou econômica. Nunca nenhum destino ficou dependendo da minha vida ou do meu comportamento ou da minha atitude.

“Eu me considero - e sou realmente - um homem comum. Não dirijo nenhuma empresa pública ou privada. A sorte dos trabalhadores não depende de mim”.

“Sou apenas um homem/ Um homem pequenino à beira de um rio/ Vejo as águas que passam e não as compreendo/ ...Sou apenas o sorriso na face de um homem calado” (América - trecho)

O PAÍS


“Eu lamento que haja pouco consumo de livro no Brasil. Mas aí é um problema muito mais grave. É o problema da deseducação, o problema da pobreza - e, portanto, o da falta de nutrição e da falta de saúde. Antes de um escritor se lamentar porque não é lido como são lidos os escritores americanos ou europeus, ele deve se lamentar de pertencer a um país em que há tanta miséria e tanta injustiça social”.

“Precisamos descobrir o Brasil/ Escondido atrás das florestas/ com a água dos rios no meio/ o Brasil está dormindo, coitado” (Hino Nacional - trecho)

O VOTO

“Acho o Partido Verde muito limitado. Por que somente verde? Eu seria partidário de todas as cores do arco-íris - do vermelho vivo do sangue que palpita nas artérias ao azul do céu. O Partido que gostaria de ver implantado no Brasil, com condições de assumir o poder ou de partilhar o poder com partidos mais burgueses seria o Partido Socialista.

“Quando há eleição, não voto mais. Deixei de votar, porque me desinteressei. Deixei de votar porque a lei me faculta deixar de votar aos setenta anos. Ainda votei, até os oitenta e poucos. Depois, verifiquei que o quadro político não agradava nem me seduzia. As opções não eram agradáveis para mim”.

“Eu também já fui brasileiro/ moreno como vocês/ Ponteei viola, guiei forde/ e aprendi na mesa dos bares/ que o nacionalismo é uma virtude/ Mas há uma hora em que os bares se fecham/ e todas as virtudes se negam” (Também já fui brasileiro - trecho)

A BELEZA

“A beleza ainda me emociona muito. Não só a beleza física, mas a beleza natural. Hoje, com quase oitenta e cinco anos, tenho uma visão da natureza muito mais rica do que eu tinha quando era jovem. Eu reparava mais em certas formas de beleza. Mas, hoje, a natureza, para mim, é um repertório surpreendente de coisas magníficas e coisas belas. Contemplar o vôo do pássaro, contemplar uma pomba ou uma rolinha que pousa na minha janela... Fico estático vendo a maravilha que é aquele bichinho que voou para cima de mim, à procura de comida ou de nem sei o quê. A inter-relação dos seres vivos e a integração dos seres vivos no meio natural, para mim, é uma coisa que considero sublime”.

“Amar um passarinho é uma coisa louca/ Gira livre na longa azul gaiola/ que o peito me constrange/ enquanto a pouca liberdade de amar logo se evola... O passarinho baixa a nosso alcance/ e na queda submissa o vôo segue/ e prossegue sem asas, pura ausência” (Sonetos do pássaro - trecho)

A SOLIDÃO

“Se eu me sinto solitário? Em parte, sim, porque perdi meus pais e meus irmãos todos. Nós éramos seis irmãos. E, em parte, porque perdi também amigos da minha mocidade, como Pedro Nava, Mílton Campos, Emílio Moura, Rodrigo Melo Franco de Andrade, Gustavo Capanema e outros que faziam parte da minha vida anterior, a mais profunda. Isso me dá um sentimento de solidão. Por outro lado, a solidão em si é muito relativa. Uma pessoa que tem hábitos intelectuais ou artísticos, uma pessoa que gosta de música, uma pessoa que gosta de ler nunca está sozinha. Ela terá sempre uma companhia: a companhia imensa de todos os artistas, todos os escritores que ela ama, ao longo dos séculos”.

“Precisava de um amigo/ desses calados, distantes,/ que lêem verso de Horácio/ mas secretamente influem/ na vida, no amor, na carne/ Estou só, não tenho amigo/ E a essa hora tardia/ como procurar um amigo?” (A bruxa - trecho)

A POESIA

“Não lamento, na minha carreira intelectual, nada que tenha deixado de fazer. Não fiz muita coisa. Não fiz nada organizado. Não tive um projeto de vida literária. As coisas foram acontecendo ao sabor da inspiração e do acaso. Não houve nenhuma programação. Não tendo tido nenhuma ambição literária, fui mais poeta pelo desejo e pela necessidade de exprimir sensações e emoções que me perturbavam o espírito e me causavam angústia. Fiz da minha poesia um sofá de analista. É esta a minha definição do meu fazer poético. Não tive a pretensão de ganhar prêmios ou de brilhar pela poesia ou de me comparar com meus colegas poetas. Pelo contrário. Sempre admirei muito os poetas que se afinavam comigo. Mas jamais tive a tentação de me incluir entre eles como um dos tais famosos. Não tive nada a me lamentar. Também não tenho nada do que me gabar. De maneira nenhuma. Minha poesia é cheia de imperfeições. Se eu fosse crítico, apontaria muitos defeitos. Não vou apontar. Deixo para os outros. Minha obra é pública.

“Mas eu acho que chega. Não quero inundar o mundo com minha poesia. Seria uma pretensão exagerada”.

“Não serei o poeta de um mundo caduco/ Também não cantarei o mundo futuro/ Estou preso à vida e olho meus companheiros/ Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças” (Mãos dadas - trecho)

A CRIAÇÃO

“Pelo menos na minha experiência pessoal, há uma emoção grande e uma alegria no momento de escrever o poema. Uma vez feito, é como o ato amoroso. Você sente o orgasmo, sai a poluição e depois aquilo acabou. Fica a lembrança agradável, mas você não pode dizer que aquele orgasmo foi melhor do que o outro! O mecanismo não é o mesmo, a reação não é a mesma”.

“É sempre no passado aquele orgasmo/ é sempre no presente aquele duplo/ é sempre no futuro aquele pânico/ É sempre no meu peito aquela garra/ É sempre no meu tédio aquele aceno/ É sempre no meu sono aquela guerra” (O enterrado vivo - trecho)

A NOVA REPÚBLICA

“Não teria cabimento eu escrever uma Constituição (ri). Não tenho a menor intenção e esta idéia nunca me passou pela cabeça. A Constituição de que eu mais gostaria é esta - ‘Artigo primeiro: Não há artigo primeiro. Artigo segundo: também não há artigo segundo. Parágrafo. Revogam-se as disposições em contrário’. Nem sei quem é o autor desta idéia.

“O Brasil está vivendo um fase de profunda inquietação e transformação de valores. É cedo para julgar um político, um presidente, um ministro. Nós estamos - ao mesmo tempo - participando da ação e querendo ser juízes. O observador, o participante, nunca é o juiz. A gente pode julgar o marechal Deodoro da Fonseca porque nós já sabemos no que deu a República com quase cem anos. Então, é uma figura histórica. Mas julgar historicamente e moralmente um nosso contemporâneo me parece uma das coisas mais difíceis de fazer. Não tenho opinião a respeito.

“O poeta não se situa em nenhuma república. O poeta se situa como poeta”.

“O que desejei é tudo/ Retomai minhas palavras/ meus bens, minha inquietação/ fazei o canto ardoroso/ cheio de antigo mistério/ mas límpido e resplendente” (Cidade prevista - trecho)

O ESTADO NOVO

“A minha relação com o poder foi uma relação amistosa com o ministro Gustavo Capanema, pelo fato de nós sermos companheiros antigos. Nunca participei do poder. Nunca desejei. Nunca teria vocação. Eu era da estrita confiança do ministro. Esculhambavam-me e acusavam-me de fazer favoritismo político e de arranjar nomeação de pessoas para falarem bem de mim nos jornais, o que é absolutamente falso. Eu não tinha poder! E eu não trairia a confiança de Gustavo Capanema (ministro da Educação do primeiro governo de Getúlio Vargas) fazendo coisas assim. Nunca tive a oportunidade de conversar com Getúlio, embora fosse acusado de poeta ligado ao Estado Novo. Eu não tinha nada com o Estado Novo. Nunca participei de homenagens ao governo. E saí de lá com as mãos abanando”.

“Tenho apenas duas mãos/ e o sentimento do mundo/ mas estou cheio de escravos” (Sentimento do mundo - trecho)

A ACADEMIA

“A Academia nunca me inspirou desprezo. Não posso desprezá-la porque não acho que é uma instituição digna de desprezo. O que há é o seguinte: não tenho espírito acadêmico, não tenho a tendência para ser acadêmico. A Academia, então, não me produz uma sensação de desprezo nem de desgosto. Apenas relativo distanciamento. Mas devo assinalar que, dentro da Academia, estão alguns dos meus melhores amigos. São companheiros de juventude, como Afonso Arinos, Abgar Renaut, Ciro dos Anjos - que não é só meu amigo: é meu compadre. Não tenho nada individualmente contra os acadêmicos. Acredito que - sendo uma instituição composta por quarenta pessoas - dificilmente, em qualquer lugar do mundo, essas quarenta pessoas serão bons escritores. Haverá, sempre, uma parcela de escritores menores e, até, de maus escritores”.

“Ah, não me tragam originais/ para ler, para corrigir, para louvar/ sobretudo, para louvar/ Não sou leitor nem espelho/ de figuras que amam refletir-se no outro/ à falta de retrato interior” (Apelo aos meus dessemelhantes em favor da paz - trecho)

O JORNALISMO


“Trabalhei na imprensa durante a minha vida toda, com um ligeiro intervalo em que me dediquei só à burocracia do Ministério da Educação. Sempre tive muita consideração dos meus companheiros. E muita liberdade. Mas me recordo que, há tempos atrás, num momento de molecagem, para testar a resistência do copy-desk, no Jornal do Brasil, escrevi a palavra bunda. Cortaram e botaram a palavra traseiro. Hoje, a palavra bunda circula até em fotografia, em desenho, por toda parte. Uma das coisas mais celebradas pela grande imprensa é a bunda. A televisão está lá - mostrando bunda de homem, o que, a nós, não interessa...

“Não participei da elaboração do grande jornal diário e intenso. Como cronista, escrevia em casa. O jornal, gentilmente, mandava apanhar a minha matéria. Como jornalista, não tive a emoção da grande reportagem e dos grandes acontecimentos que eu teria de enfrentar numa fração de segundo para que a matéria saísse no dia seguinte”.

“O fato ainda não acabou de acontecer/ E já a mão nervosa do repórter o transforma em notícia/ O marido está matando a mulher/ A mulher ensanguentada grita/ Ladrões arrombam o cofre/ A polícia dissolve o meeting/ A pena escreve/ Vem da sala de linotipos a doce música mecânica” (Poema do jornal)

A VOCAÇÃO


“Eu acredito que a poesia tenha sido uma vocação, embora não tenha sido uma vocação desenvolvida conscientemente ou intencionalmente. Minha motivação foi esta: tentar resolver, através de versos, problemas existenciais internos. São problemas de angústia, incompreensão e inadaptação ao mundo”.

“Quando nasci, um anjo torto/ desses que vivem na sombra/ disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida” (Poema de Sete Faces - trecho)

ADEUS

“Quem é que fala hoje em Humberto de Campos? Quem é que fala em Emílio de Menezes? Quem é que fala em Goulart de Andrade? Quem é que fala em Luís Edmundo? Ninguém se recorda deles! Não fica nada! É engraçado. Mas não fica, não. Não tenho a menor ilusão. E não me aborreço: acho muito natural. É assim mesmo que é a vida.

“Não vou dizer como o Figueiredo: ‘Quero que me esqueçam!’ Podem falar. Não me interessa, porque não acredito na vida eterna. Para mim, é indiferente.

“Nenhum poema meu entrou para a História do Brasil. O que aconteceu foi o seguinte: ficaram como modismos e como frases feitas: ‘tinha uma pedra no meio do caminho’ e ‘e agora, José?’. Que eu saiba, só. Mais nada.

“Não tenho a menor pretensão de ser eterno. Pelo contrário: tenho a impressão de que daqui a vinte anos eu já estarei no Cemitério de São João Baptista. Ninguém vai falar de mim, graças a Deus. O que eu quero é paz”.

“Quero a paz das estepes/ a paz dos descampados/ a paz do Pico de Itabira/ quando havia Pico de Itabira/ A paz de cima das Agulhas Negras/ A paz de muito abaixo da mina mais funda e esboroada de Morro Velho/ A paz da paz” (Apelo a meus dessemelhantes em favor da paz - trecho)

O suplemento Idéias, do Jornal do Brasil, de 22 de agosto de 1987 (cinco dias após a morte de Drummond), apresentou em suas páginas centrais trechos da última e exclusiva entrevista do poeta mineiro ao jornalista Geneton Moares Neto. O material segue logo abaixo na íntegra. Dezessete dias antes de dar adeus ao mundo, Carlos Drummond de Andrade confessava que tinha um único e prosaico medo: o de escorregar, levar uma queda boba e quebrar o fêmur.

Os 100 livros brasileiros do século 20



1.Novelas Paulistanas: Brás, Bexiga e Barra Funda - Antonio de Alcântara Machado

2.A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade

3.O Tempo e o Vento - Érico Veríssimo

4.Vidas Secas - Graciliano Ramos

5.Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa

6.Invenção de Orfeu - Jorge de Lima

7.Libertinagem - Manuel Bandeira

8.Macunaíma: O Herói sem Nenhum Caráter - Mário de Andrade

9.Reinações de Narizinho - Monteiro Lobato

10.Poesia Liberdade - Murilo Mendes

11.Dom Casmurro - Machado de Assis

12.Triste Fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto

13.Memórias Sentimentais de João Miramar - Oswald de Andrade

14.Morte e Vida Severina - João Cabral de Mello Neto

15.A Hora da Estrela - Clarice Lispector

16.Gabriela, Cravo e Canela - Jorge Amado

17.Crônicas da Casa Assassinada - Lúcio Cardoso

18.Os Sertões - Euclides da Cunha

19.O Ex-Mágico - Murilo Rubião

20.O Vampiro de Curitiba - Dalton Trevisan

21.Os Cavalinhos de Platiplanto - J.J. Veiga

22.A Coleira do Cão - Rubem Fonseca

23.Ópera dos Mortos - Autran Dourado

24.A Lua vem da Ásia - Campos de Carvalho

25.Histórias do Desencontro - Lygia Fagundes Telles

26.Canaã - Graça Aranha

27.A Menina Morta - Cornélio Penna

28.A Luta Corporal - Ferreira Gullar

29.O Conde e o Passarinho - Rubem Braga

30.Baú de Ossos - Pedro Nava

31.Jeremias sem Chorar - Cassiano Ricardo

32.Faróis - Cruz e Souza

33.Vestido de Noiva - Nelson Rodrigues

34.O Pagador de Promessa - Dias Gomes

35.Navalha na Carne - Plínio Marcos

36.A Moratória - Jorge Andrade

37.Mar Absoluto - Cecília Meireles

38.O Dialeto Caipira - Amadeu Amaral

39.Princípios de Lingüística Geral - Joaquim Matoso Câmara Júnior

40. A Unidade da România Ocidental - Theodoro Henrique Maurer Jr

41. Línguas Brasileiras: para o Conhecimento das Línguas Indígenas - Aryon DallIgna Rodrigues 42.Princípios da Economia Monetária - Eugênio Gudin

43.Inflação: Gradualismo e Tratamento de Choque - Mário Henrique Simonsen

44.Da Substituição de Importações ao Capitalismo Financeiro - Maria da
Conceição Tavares

45.A Inflação Brasileira - Ignácio Rangel

46.Quinze Anos de Política Econômica - Carlos Lessa

47.A Economia Brasileira em Marcha Forçada - Antônio Barros de Castro e
Francisco Eduardo Pires de Souza

48.História Econômica do Brasil, 1500-1808 - Roberto Cochrane Simonsen

49.Desenvolvimento Econômico e Evolução Urbana - Paul Singer

50.A Lanterna na Popa: Memórias - Roberto Campos

51.Tratado de Direito Privado - Pontes de Miranda

52.Código Civil dos Estados Unidos dos Brasil - Comentado – Clóvis Bevilacqua

53.A Cultura Brasileira: Introdução ao Estudo da Cultura no Brasil - Fernando de Azevedo

54.Educação para a Democracia: Introdução à Adm. Educ. - Anísio Spinola Teixeira

55.Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire

56.História da Educação no Brasil - Otaíza Oliveira Romanelli

57.A Criança Problema - Arthur Ramos

58.José Bonifácio: História dos Fundadores do Império do Brasil – Octávio Tarquínio de Sousa

59.Capítulos da História Colonial - 1500 - 1800 - João Capistrano de Abreu

60.Evolução Política do Brasil e outros Estudos - Caio Prado Jr.

61.Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado

62.Raízes do Brasil - Sérgio Buarque de Hollanda

63.Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial - Fernando A.
Novais

64.Da Senzala à Colônia - Emília Viotti da Costa

65.Os Donos do Poder. Formação do Patronato Político Brasileiro - Raymundo
Faoro

66.Olinda Restaurada - Guerra e Açúcar no Nordeste - 1630/1654 - Evaldo
Cabral de Mello

67.O Escravismo Colonial - Jacob Gorender

68.A Integração do Negro na Sociedade de Classes - Florestan Fernandes

69.Casa Grande & Senzala - Gilberto Freyre

70.Formação da Literatura Brasileira - Antônio Cândido

71.A Terra e o Homem no Nordeste - Manoel Correia de Andrade

72.O Colapso do Populismo no Brasil - Octávio Ianni

73.Populações Meridionais do Brasil: Hist. Org. Psicolog. - Oliveira
Vianna

74.Teoria da História do Brasil - José Honório Rodrigues

75.Formação Histórica da Nacionalidade Brasileira - Manoel de Oliveira
Lima

76.O Espaço Dividido, os dois circuitos da economia urbana dos países
subdesenvolvidos - Milton Santos

77.Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional - Fernando Henrique
Cardoso

78.Aldeamentos Paulistas - Pasquale Petrone

79.O Messianismo no Brasil e no Mundo - Maria Isaura Pereira Queiroz

80.Os Africanos no Brasil - Nina Rodrigues

81.Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira - Herbert Baldus

82.Tradição e Transição em uma Cultura Rural do Brasil - Emílio Willems

83.Aspectos Fundamentais da Cultura Guarani - Egon Schaden

84.Estudos Afro-Brasileiros - Roger Bastide

85.Povoamento da Cidade de Salvador - Thales de Azevedo

86.Os Índios e a Civilização - A Integração das Populações Indígenas no
Brasil Moderno - Darcy Ribeiro

87.O índio e o Mundo dos Brancos. A situação dos Tukuma dos Altos
Solimões - Roberto Cardoso de
Oliveira

88.Bahia: A Cidade do Salvador e seu Mercado no Século XIX - Kátia M. de
Queirós Mattoso

89.O Brasil Nação. Realidade da Soberania Brasileira - Manoel Bomfim

90.A Organização Social - Alberto Torres

91.Contribuição à História das Idéias no Brasil - João Cruz Costa

92.Consciência e Realidade Social - Álvaro Vieira Pinto

93.Estudos de Literatura Brasileira - José Veríssimo

94.Construções Civis: Curso Professorado na Escola Politécnica de São
Paulo - Alexandre Albuquerque

95.Cálculo de Concreto Armado - Telemaco Van Langendonck / Associação
Brasileira de Cimento Portland,
1944-1950

96.Sobre Arquitetura - Lúcio Costa

97.Dicionário de Arquitetura Brasileira - Eduardo Corono e Carlos Lemos

98.Dicionário das Artes Plásticas no Brasil - Roberto Pontual

99.História Geral da Arte no Brasil - Walter Zanini

100.Histologia Básica - Luis Carlos Uchoa Junqueira e Jose Carneiro.

Fonte: Câmara Brasileira do Livro

domingo, 2 de agosto de 2009

Ana Miranda


Ana Miranda nasceu em Fortaleza, Ceará, em 1951, e mudou-se para o Rio de Janeiro aos cinco anos de idade. Em 1959 foi para Brasília, ao encontro de seu pai, engenheiro, que trabalhava na construção da cidade. Em 1969 voltou para o Rio de Janeiro, a fim de prosseguir com seus estudos de artes. Iniciou sua vida literária publicando os livros de poesia Anjos e demônios (editora José Olympio/INL, Rio de Janeiro, 1979) e Celebrações do outro (editora Antares, Rio, 1983). Seu primeiro romance, Boca do Inferno (1989), uma recriação literária do Brasil colonial, cujos personagens centrais são o poeta Gregório de Matos e o jesuíta Antonio Vieira, foi publicado com grande repercussão no Brasil e no exterior, e reconhecimento de críticos, leitores e professores, que o adotam para estudos literários do barroco brasileiro, tendo ficado na lista de mais vendidos do Jornal do Brasil durante um ano. Esse romance foi publicado em diversos países, tais como França, Inglaterra, Itália, Estados Unidos, Argentina, Noruega, Espanha, Suécia, Dinamarca, Holanda, Alemanha. Por esse livro a autora recebeu o prêmio Jabuti, em 1990. Seu segundo romance, O retrato do rei, uma recriação histórica da Idade do Ouro do Brasil, foi publicado em 1991, sendo também traduzido em outros países. O terceiro romance, Sem pecado, uma ficção contemporânea, foi editado em 1993. A autora publicou em 1995 um romance sobre o poeta Augusto dos Anjos, passado no Rio de Janeiro, na Belle Époque, intitulado A última quimera, que recebeu o prêmio de bolsa da Biblioteca Nacional. Em 1996 Ana Miranda publicou mais um romance de ficção histórica, Desmundo, uma recriação da linguagem do século 16, que conta a história de órfãs mandadas de Portugal ao Brasil para se casar com os colonos. Todos esses romances de Ana Miranda foram publicados pela Companhia das Letras, em São Paulo. Ana Miranda publicou, ainda em 1996, a novela Clarice em que a escritora Clarice Lispector é personagem, editada pela Fundação Rio e que foi publicada na Alemanha. A Companhia das Letras reeditou essa novela em 1998. Em setembro de 1997 foi publicado pela Companhia das Letras o romance de Ana Miranda, Amrik, passado no fim do século 19, sobre os imigrantes libaneses em São Paulo. E, em 1999, a mesma editora publicou o primeiro livro de contos da autora, intitulado Noturnos. Pela editora Dantes, no Rio de Janeiro, Ana Miranda publicou, em 1998, uma obra de pesquisa, a coletânea de poesias de amor conventual, Que seja em segredo; e, em 2000, uma antologia de sonhos intitulada Caderno de sonhos, escrita quando a autora tinha vinte e um anos de idade. Em 2002 a autora publicou o romance Dias & Dias, pela Companhia da Letras. Com uma narrativa clara e simples, reproduzindo a linguagem do romantismo, Ana Miranda recorda mais uma vez a vida de um de nossos poetas, Gonçalves Dias. Este livro recebeu o Jabuti na categoria Romance, em 2003, assim como o prêmio da Academia Brasileira de Letras, no mesmo ano e mesma categoria. Em dezembro de 2003 a editora Casa Amarela publicou uma reunião de crônicas escritas por Ana Miranda para a revista Caros amigos, no livro intitulado Deus-dará. Em 2004 foi editado, pela Companhia das Letrinhas, o primeiro livro infanto-juvenil da autora, Flor do cerrado: Brasília, dentro da coleção Memória e história. Ainda nesse ano, Ana Miranda voltou a publicar poesia, no livro Prece a uma aldeia perdida, pela editora Record. Ana Miranda escreve contos para antologias, artigos para jornais ou revistas, pre-roteiros para cinema, além de trabalhar em edição de originais, pesquisa e organização de publicações, tendo preparado obras de Otto Lara Resende e Vinicius de Morais. Colabora desde 1998 com a revista Caros amigos, e desde agosto de 2004 escreve crônicas no Correio Braziliense. Foi escritora visitante na Universidade de Stanford em 1996, e faz palestras e leituras em universidades (Berkeley, Yale, Darthmouth, Universidade de Roma, etc.) e instituições culturais de diversos países. Entre 1999 e 2003 Ana Miranda representou o Brasil na União Latina, em Roma e Paris. Seu livro Desmundo foi adaptado para cinema, num longa-metragem dirigido por Alain Fresnot. A obra da escritora tem sido matéria de estudos por parte de professores, críticos, mestres, recebendo teses e monografias, geralmente ligadas a questões de literatura & historia, Barroco brasileiro, Romantismo, ou pos-modernidade. Sua obra encontra-se registrada na Kindlers Literaturlexicon, em verbete escrito pela professora Ana Letícia Kügler, e na Enciclopédia Britânica, edição de 1991. O livro Boca do Inferno foi incluído na lista dos cem maiores romances do século, em língua portuguesa, publicada no caderno Prosa & Verso do Jornal O Globo, em 5 de setembro de 1998, elaborada por escritores, críticos e intelectuais.

obs: Essa publicação em especial, foi extraida do site

www.anamirandaliteratura.hpgvip.com.br

Gizelda Morais


Nasceu em Sergipe onde fez os seus estudos primários e secundários e se iniciou na literatura, publicando poesias, crônicas e artigos em jornais de Aracaju. Teve o seu primeiro livro de poesia publicado aos dezoito anos (1958) pelo Movimento Cultural de Sergipe e participou da criação do Clube Sergipano de Poesia. Iniciou seus estudos universitários de filosofia em Belo Horizonte, transferindo-se para Salvador, onde concluiu também psicologia.

Ensino e pesquisa passam a ser o seu espaço principal de criação. Inicia o Mestrado em Psicologia na USP (SP), obtém o título de Doutora na Universidade de Lyon (França, 1/1970) com uma tese sobre aprendizagem da leitura e da escrita, faz estágio pós-doutoral na Universidade de Paris (1985). Servindo sucessivamente nas universidades federais de Sergipe e da Bahia, exerceu cargos administrativos, coordenou estudos e estágios, orientou e examinou teses e dissertações, participou de movimentos e associações. Prestou serviços a órgãos nacionais, como CFE, CNPq, CAPES, INEP e SBPC, da qual foi secretária regional e conselheira. Como convidada, lecionou na Universidade de Nice (França).

Desde a publicação do romance JANE BRASIL, em 1986, vem retornando à literatura não científica, já tendo publicado cinco romances. Ingressou na Academia Sergipana de Letras em 1992. Reside atualmente em Maceió e acaba de lançar ROSA NO TEMPO (2003), uma coleção quase completa de suas poesias, com o selo REBRA.

NOTAS SOBRE OS ROMANCES:
JANE BRASIL (1986) - "A solidão, o medo, a angústia constituem a atmosfera deste denso/tenso romance, centrado no eu, em que a personagem, autora de sua própria história, vai narrando os fatos que se vão sucedendo, às vezes em tom surrealista, na busca de uma verdade sem peias ou limitações."

IBIRADIÔ (1ª ed. 1990) - "O enredo é desenvolvido em plano objetivo duplo: o histórico e o contemporâneo, na tentativa de reconstruir acontecimentos de um passado longínquo, a partir de um enfoque crítico atualizado. Há em notável esforço de carpintaria literária, sobretudo pela forma como a autora narra e recria mundos íntimos polarizados, reveladores dos vôos e quedas da alma humana." "Livro polêmico, de angústia e revolta, de um grande amor pela justiça e pela humanidade."

PREPAREM OS AGOGÔS (1º ed.1996) - Menção Honrosa no concurso Nacional de Romance, governo do Paraná, 1994. Perseguindo insistentemente a descoberta de algumas verdades, no emaranhado de interpretações diferenciadas que cercam as vidas humanas, quando os atores dos dramas e tragédias não se encontram mais em cena, o personagem central desse romance traz para o Brasil do presente, com os seus problemas sociais, os dramas da escravidão no século XIX.

ABSOLVO E CONDENO (2000) - Menção Especial entre os prêmios concedidos pela União Brasileira de Escritores, 2002. No meio aos conflitos com relação ao seu trabalho de julgar e ao seu relacionamento com uma mulher muito mais jovem, um Juiz de Vara de Família termina indo ao Japão, onde vive uma aventura inusitada, momentos de angústia e de intensa introspecção.

FELIZ AVENTUREIRO (2001) - Especial do Júri, entre os prêmios concedidos pela União Brasileira de Escritores, 2002. Romance biográfico onde a autora reinventa a vida aventureira de um artista plástico argentino contemporâneo, através de suas viagens pelo mundo, de seus amores e dificuldades.

obs: Essa publicação em especial, foi extraida do site www.geocities.com

Biografia de Raduan Nassar


       Raduan Nassar nasceu em Pindorama, cidade do interior do Estado de São Paulo, filho de João Nassar e Chafika Cassis. Seus pais haviam se casado em 1919 na aldeia de Ibel-Saki, no sul do Líbano e em 1920 imigraram para o Brasil. Seu pai junta-se a parentes que já estavam aqui e se inicia no ramo do comércio, no interior do Estado do Rio de Janeiro. Em 1921 mudam-se para a cidade de Itajobi, no Estado de São Paulo.
      O escritor faz, em 1968, as primeiras anotações para o futuro romance Lavoura arcaica. Dois anos depois escreve a primeira versão da novela Um copo de cólera e os contos O ventre seco e Hoje de madrugada.
                              Em 1971 morre sua mãe, Chafika, segundo ele: "criadora de mão cheia" de galinhas e perus. Dela lhe veio o gosto por criação de animais. Apesar de não ter fé religiosa, participa em 1972 da leitura comentada que a família faz do Novo Testamento. As reuniões semanais para este fim se entendem ao longo de quase todo o ano. Ao mesmo tempo, ele retoma as leituras do Velho Testamento e do Alcorão (esta iniciada em 1968). A preocupação com temas religiosos irá mais tarde se refletir de modo acentuado em Lavoura arcaica. Escreve Aí pelas três da tarde, que sai como matéria no Jornal de Bairro e anos depois aparecerá republicada como conto em outros veículos.
No ano de 1974, por discordar da mudança editorial no Jornal de Bairro, deixa em abril a direção do semanário, que tirava 160 mil exemplares por edição. Sem alternativa imediata, começa a escrever Lavoura arcaica, trabalhando dez horas por dia, até concluí-lo, em outubro. Seu irmão Raja, formado em direito e licenciado em filosofia, é o primeiro leitor dos originais. À revelia de Raduan, Raja tira duas cópias do romance e decide passá-las para amigos. Uma dessas cópias acaba chegando às mãos de Dante Moreira Leite, ex-professor de Raduan na Faculdade de Filosofia, que encaminha os originais à Livraria José Olympio Editora, do Rio de Janeiro.
Em 1975, com a ajuda financeira do autor, a José Olympio publica Lavoura arcaica.
          O livro ganha, em 1976, o prêmio Coelho Neto para romance, da Academia Brasileira de Letras, cuja comissão julgadora tinha como relator o crítico e ensaísta Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde). Recebe, ainda, o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro (na categoria de Revelação de Autor) e Menção Honrosa e também Revelação de Autor da Associação Paulista de Críticos de Arte — APCA.
Em 1978 a Livraria Cultura Editoria, de São Paulo, publica Um copo de cólera. A novela recebe o prêmio Ficção da APCA.

obs: Essa publicação em especial, foi extraida do site www.releituras.com
 

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